Dia 5 de Agosto, chega aos cinemas...
Os Smurfs
Os Smurfs fizeram sua primeira e rápida aparição em 1958 como personagens secundários de uma história em quadrinhos, e agora, mais de meio século depois, protagonizam seu próprio filme em 3D, uma trajetória brilhante que nem o pai dos seres azuizinhos, o cartunista belga Peyo, poderia imaginar. Dois especialistas belgas em quadrinhos afirmaram, nesta terça-feira (19), que a "smurfmania" foi uma bem-sucedida, mas involuntária estratégia de marketing que acabou escapando das mãos de Peyo (Bruxelas, 1928-1992), já que ele preferia se dedicar mais a outros de seus personagens.
"Muita gente acredita que os smurfs nasceram nos Estados Unidos, mas na realidade nasceram em Bruxelas em 1958, e de forma muito discreta", disse em entrevista à Agência Efe o diretor do centro belga de história em quadrinhos (CCBD), Willem de Graeve. Segundo ele, a primeira aparição destes personagens - na qual nem chegam a aparecer de corpo inteiro - ocorreu em um episódio da história em quadrinhos Johan et Pirlouitintitulado A Flauta Mágica, publicada em um número da revista Le Journal de Spirou, que pode ser visto no CCBD.
Os leitores ficaram intrigados com aquelas criaturas estranhas cuja origem só foi descoberta cinco números depois. A revista multiplicou sua tiragem e os editores pediram para Peyo produzir uma série própria de histórias, relatou De Graeve. Contudo, a "smufmania" global não chegaria até os anos 80, graças à série de animação para televisão criada pela produtora americana Hanna-Barbera, com a supervisão do autor, e que foi divulgada em canais de todo o mundo. O sucesso atropelou Peyo, que teve que abandonar "com tristeza" seus personagens preferidos, Johan e Pirlouit, para se dedicar "de corpo e alma" às pequenas criaturas, segundo Jean-Claude da Royère, colaborador e roteirista.
Da Royère, no entanto, acredita que a primeira adaptação para o cinema 3D de sua obra - Os Smurfs (Columbia e Sony Pictures), que vai estrear no dia 29 de julho na Espanha -, teria agradado seu criador. "Sempre estava a favor de criar novas histórias. E ficaria contente de ver que é possível tirar os smurfs de seu pequeno universo", já que as aventuras originais acontecem em um mundo bucólico e o filme é ambientado na Nova York atual, disse o roteirista.
O filme combina cenários e personagens reais com os smurfs como as últimas técnicas de animação tridimensional, que mantêm o formato simples e de padrão arredondado de Peyo. Os personagens do autor belga foram levados ao cinema pelos estúdios Walt Disney e produzidos pelos desenhistas contemporâneos belgas Hergé e Franquin, segundo Da Royère, que trabalhou para Peyo durante a explosão editorial de Os Smurfs, quando o autor teve cerca de dez desenhistas trabalhando para ele.
Em sua opinião, o que mais se destacava em Peyo era o "talento para narrar", já que distribuía suas páginas de forma clara, sendo possível compreender a história "observando-as" a "vários metros de distância". Ao ser perguntado sobre o segredo do sucesso dos azuizinhos, o roteirista afirmou que estes habitam "em um universo acolhedor, que todo o mundo quer fazer parte", e que é liderado "por um chefe indiscutivelmente bom e paternalista", reflexo da personalidade de Peyo.
Para De Graeve, o interessante dessas criaturinhas é que as crianças "se sentem muito próximas a eles", já que se identificam com o fato de os smurfs, "serem pequenos e frágeis diante das ameaças da natureza e dos adultos malvados" (simbolizados por Gargamel). Além disso, os azuizinhos "formam uma sociedade ideal que nos serviria de exemplo, na qual todos seus membros, embora sejam diferentes, se toleram e se entendem entre si. "Existe uma harmonia", destacou o diretor do CCBD. Da Royère se distanciou deste cenário moral e filosófico, e disse que ao escrever, simplesmente tentava se divertir e ser fiel ao universo criado por Peyo.
Assista ao trailer:
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